domingo, 1 de novembro de 2015

Isaías do Arrocha: é talento nosso, é de Caririaçu.

Olá, há quanto tempo. Já faz alguns meses que não me meto a escrever neste mísero. Confesso que talvez não voltasse tão brevemente, porém encontrei algo nas minhas andanças pelas conexões da rede que me fez vir aqui e deixar algumas mais das minhas palavras frouxas e sem titubeantes.
Não quero prolongar minhas palavras, até porque quero chamar atenção apenas para o vídeo que se segue. Alguém me perguntou “se tinha visto o vídeo do menino de Caririaçu que tinha uma voz muito bonita.” Não, não o conhecia, mas a partir do momento que tive a oportunidade, decidi compartilhar tal vídeo e faço isso por alguns motivos, a saber: 1 - Sem sombra de dúvidas ele é um talento; 2 - É da nossa cidade; 3 – A clara determinação do garoto que tem um sonho grandioso diante de sua realidade simples.
Por fim, um quarto motivo é que me senti na obrigação de fazê-lo por que vi nele a imagem de muitos dos nossos que sonham e que nunca tiveram qualquer oportunidade. Eu mesmo já conheci talentos semelhantes que tiveram suas chamas apagadas com o passar dos dias. Creio que se a dez ou doze anos atrás a internet fosse tão popular como hoje, com sorte, estes poderiam ter tido destinos diferentes perseguindo seus sonhos. Não que espere uma grande repercussão através do meu ato, mas espero que dois ou três acessos no vídeo advindos da minha atitude já possa representar um algo amais na trajetória dele. Caso queiram, compartilhem também e contribua com isso.


Conheça mais da história do menino Isaías

Vídeo em que canta música para sua mãe >>> https://youtu.be/6tIozH7TGI4




É isso. Até a próxima!


quinta-feira, 2 de abril de 2015

Semana Santa: Que bom seria se meu filho tivesse medo de caretas!

Há fatos da infância que a gente não esquece jamais. Assim como há épocas, tradições e acontecimentos que sempre nos trará aquela nostalgia boa. Como ouvir uma velha música, trilha sonora de um tempo bom.
Quando menino, por essa época dos caretas, não tinha quem me fizesse sair na estrada. Tinha um medo medonho dos temíveis e brutais caretas, capazes de fazer coisas terríveis e horrendas com as criancinhas que ousasse a sair de casa na Sexta-feira da Paixão. Elas seriam julgadas sem direito a apelação: açoite! Chibatada no lombo.
A semana santa, naquela época, era um tempo que misturava prazeres e coisas que não agradava muito, se é que vocês me entendem. Um dos fatos que me cativava um pouco era a “Quarta-feira de Trevas”, único dia do ano em que minha mãezinha querida não se esgoelaria me mandando tomar banho antes que o negro da noite tomasse conta de tudo. Claro, o sucesso só vinha após as ameaças feitas ao tremulinar o chicote nas mãos.
Apesar disso, me trazia agoniação pensar que com qualquer descuido que desse com qualquer gotícula d’água, durante aquelas vinte e quatro horas, que viesse a tocar o meu corpo e, principalmente as minhas pernas, eu estaria fadado a ficar petrificado para o resto dos meus dias. Meu maior medo era que a cólera atingisse as pernas. Não poder andar seria o pior dos castigos para um moleque que vivia no sítio em meio a tudo de bom que estava ali se oferecendo para ser explorado, desmistificado. Quer dizer, seria o segundo pior, só perdia para os açoites dos Caretas. Nada era pior do que aquilo.
Por essas e outras que na quarta e na sexta da Semana Santa, sempre jejuava de alguma coisa. Ou não tomava banho, ou não saia de casa, respectivamente.
O banho era fácil resolver, não havia contraposição por parte de ninguém, afinal, todos queriam respeitar os costumes, mas em se tratando de sair de casa, aí não havia jeito. Acontece que justamente aquele dia era o dia de dar a bênção às madrinhas. Justo naquele dia. Queria saber quem foi o engraçadinho que inventou esta tradição. Será que não poderia ser no sábado? Ou mesmo no domingo, um dia tão belo em que Jesus ressuscitou?
Antes que eu me esqueça, o “dar a bênção às madrinhas e padrinhos” era um outro detalhe que muito me contentava. Não que eu fosse interesseiro, isso nunca, mas morria de ansiedade pra saber o que ganharia naquele ano. Ano passado ganhei uma camisa; no outro, um short; no retrasado, um perfume talvez, sei lá, nem lembro mais, faz muito tempo. Valia a pena correr todo o risco de se abalroar com aquela gangue do mal para ir até aos meus padrinhos levando uma lembrancinha singela a eles e, claro, trazer de volta a minha, junto com a bênção que me davam. Acho que nem lembro mais das palavras que dizia quando, encontrando-os, ao prostrar-me diante deles, eu dizia:
            - Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, seguido do pedido de bênção.
Aos cangaceiros encaretados, nunca vi coisa mais feia. Um bando de “cabra” e suas faces encobertas com uma careta feita de papelão, perfurado em quatro lugares, olhos, nariz e boca, com chifres e toda suja de carvão. Vestidos feito bichos com sacos e trapos velhos. Na cintura levavam um chocalho que anunciava o terror e nas mãos os seus chicotes dolorosos e sangrentos. Aquela imagem e aquele som me doíam à espinha!
Só tinha uma coisa que me deixava encucado. Eu não conseguia entender, como animais brutos e desprovidos de compaixão como eles, poderiam ter uma voz tão estranha. Não me entrava na cabeça que aqueles que tanto medo me dava só de ouvir dizer, quando abriam a boca falavam fino. Isso mesmo, fino e baixo como uma donzela tímida. Não era possível. Ouvia-se sempre o mesmo pedido:
            - Me dê uma esmolinha pro Juda! Isso, claro, fino e baixo, como uma cigarra sem voz.
Infelizmente, talvez esse detalhe em que me peguei a pensar tenha sido quem me tirou a inocência do medo. Infelizmente mais tarde descobri que aqueles eram só os vizinhos e amigos da redondeza brincando de tradição. Que aquele tal Judas para quem eles pediam com suas vozes irreconhecíveis, era um boneco que estaria, no domingo, pendurado no centro de uma roda em volto a tudo que lhe foi dado, o que, pouco a pouco, seria levado, ou “roubado”, pelos participantes da brincadeira, que entraria na roda e levaria o que quisesse ou pudesse pegar, sob chicotadas de todos os tamanhos e forças. Sob pena do açoite. Nisto eu estava totalmente certo, o açoite existia sim, mas era parte da festa e, graças a Deus, as crianças estavam fora dela. Por último restaria o Judas, o prêmio maior. Quem se atreveria a roubá-lo?
Bom seria poder ver meu filho vivenciar tudo isso também!


domingo, 15 de março de 2015

Muda Brasil! Se não mudares, mudaremos por você!


Acordar cedo, de ressaca, após ter tomado umas “geladas” num barzinho, ao assistir o jogo do meu time do coração, que, aliás, teve uma vitória emocionante na noite de sábado, com uma ajudinha do juiz, no gol feito com a mão pelo nosso artilheiro. Ele, o juiz, não percebeu o jeitinho dado pelo gênio atacante e fomos campeões da liga estadual em cima daquele timinho de várzea com sonhos de ser grande. (Risos) Onde já se viu um “timéco” do interior querer ganhar alguma coisa contra os grandes da capital?! O melhor da noite foi que o garçom esqueceu de cobrar os petiscos e eu ainda trouxe para casa um copo bacana pra tomar com os amigos naqueles churrascos que sempre fazemos.
Mas vale o sacrifício, sou brasileiro e não desisto nunca, nem de ressaca (Risos)! Vamos levantar, tomar um banho gelado e rápido (afinal, estou pagando uma nota na energia e, além disso, o país esta passando uma crise de água), se vestir e pegar o “busão”. Até poderia ir de carro, porque, graças a Deus, trabalhei muito nos últimos anos e, em fim, consegui financiar um bem naquela época que baixaram o imposto, lembra?! Aliás, nos últimos anos o Senhor me abençoou muito, estou fazendo engenharia e minha mãe, que mora lá no interior, depois de anos de aluguel, conseguiu um cantinho pra morar. De qualquer forma não compensa, ir de ônibus sai mais barato e depois, o quê que vou fazer se acontecer alguma coisa com meu carro lá?! Não dá para confiar, não é?!
Nossa, o ponto de ônibus esta lotado! Parece que todos pensaram da mesma forma que eu. Se aqui está assim, imagina no ônibus?! (Risos) Normal, um dia a mais ou a menos, vale o sacrifício, sou brasileiro! Todos os dias já são assim mesmo, três ônibus superlotados pra ir e três pra voltar.
Lá vem mais um ônibus, só espero que desta vez, pelo menos, possa colocar um pé para dentro, o que não aconteceu nos três últimos que passaram. Esses coletivos são uma comédia, o cara faz de tudo pra conseguir sentar e, uma vez na vida e outra na morte, quando consegue o incrível feito, chega uma mulher grávida ou um velho ranzinza e fica olhando com cara de quem comeu e não gostou querendo o meu lugar. Finjo que estou dormindo (Risos)! Desta vez, pelo menos, estava tão tumultuado que acabei passando e o cobrador nem percebeu. Ganhei uma passagem, hoje é o meu dia de sorte. Ah, mas também estou a serviço da pátria, eles nem deveriam esta cobrando! Melhor que isso, só se encontrasse algum celular daqueles pagos em 48 prestações perdido por algum desavisado aqui dentro. Aí sim, eu iria trocar pelo meu que depois de seis meses já deu o que tinha que dar, e poderia dizer plenamente que hoje é o meu dia, dando graças a Deus por isso.
Enfim, chegamos. Quanta gente pensa igualzinho a mim! Hoje é um dia histórico, vamos mudar o Brasil! Todos gritam contra o Governo, seu partido e seus políticos. Queremos o impeachment (Que palavra bonita, acho que não sei nem escrevê-la!) (Risos)! Como que conseguiram votar e elege-los nas últimas eleições? Queremos punição para os corruptos, por isso somos a favor das investigações! Queremos que baixem os impostos! Que o país volte a crescer! Que a inflação não suba! A estatal é nossa, devolvam-na!
A cada instante chegam mais e mais pessoas. Acho que estão vendo a cobertura da mídia sobre o que esta acontecendo e, por isso, estão vindo. Legal, quanto mais pessoas, que pensam exatamente como eu, claro, sem se deixar influenciar por nada e nem ninguém, melhor.
Vou tirar umas selfies aqui pra mostrar que vim e sou politizado. Lógico, vou tentar postá-las agora mesmo, isso se minha rede móvel deixar (Risos). Se precisar uso aquele aplicativo pra descobrir senhas de wi-fi alheias (Risos).
“Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor!”, esse canto me lembra da copa do mundo e os jogos da Seleção Brasileira e isso me emociona muito, assim como o hino nacional.
Sabe o que é melhor? Tudo esta correndo na santa paz. Diferente do que aconteceu antes, nenhum sinal de vândalos, de violência e de quebra-quebra (Acho que desta vez eles resolveram não vir!). Depois dizem que europeu é que é educado (Risos). A tevê vive mostrando os atos de lá e a baderna é geral. Esta é a forma correta de se fazer as coisas, acho que assim vamos conseguir o que queremos.
            Só pra lembrar o que queremos, eu e todos esses que pensam como eu: Queremos um Brasil melhor! Queremos respeito. Não é justo que esses canalhas façam o que querem e não fazermos nada. Somos a maioria aqui, somos nós que mandamos e o país tem que refletir o que somos, o que fazemos, a nossa cara. Ele não pode mais continuar nesta bagunça!